Unidade é a chave da revelação do evangelho e do amor do Pai ao mundo.
"Eu neles e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade, e para que o mundo conheça que tu me enviaste a mim, e que os tens amado a eles como me tens amado a mim”.(João 17:23)
Muitos cristãos ao começarem sua jornada com Deus, logo se embaraçam nos relacionamentos ao encontrarem pela frente alguns problemas muito comuns, é a família que não compreende a fé e o evangelho que abraçamos, é o irmão (ã) da igreja que é difícil, é o parente que não nos pagou o que devia, mesmo podendo pagar, é alguém "pegando no pé" para que façamos ou deixemos de fazer alguma coisa, é a falta de compromisso das pessoas com quem contamos para realizar algo, enfim, relacionamentos serão um desafio para nós.
Como conseguiremos alcançar e manter a unidade que é requerida para todos que estão no corpo de Cristo? Como discernir as nossas motivações quando enfrentamos desafios nos relacionamentos?
A resposta para estas perguntas está contida no texto acima. Jesus disse: "Eu neles, e tu em mim, para que sejam perfeitos em unidade"… Em outras palavras, se Cristo realmente está em nós, significa que temos todas as condições para andarmos em perfeição na unidade.
Nesta área o padrão requerido por Deus é a perfeição. Assim sendo, moralmente falando, as motivações que norteiam os nossos relacionamentos devem estar cem por cento purificadas de todo ressentimento, malícia e egoísmo.
Esta unidade é tão importante, que Jesus está afirmando que ela é a chave para revelar o salvador ao mundo e também a chave para receber a convicção do amor do Pai:
"Para que o mundo conheça que tu me enviaste a mim, e que os tens amado a eles, como me tens amado a mim.”
Podemos definir a unidade como uma chave. Uma chave precisa ser perfeita, caso contrário ela não abre a fechadura. O modelo da chave, cada ranhura, cada detalhe precisa combinar e se adequar ao formato da fechadura. O segredo entre a chave e a fechadura é a compatibilidade, o encaixe preciso, a unidade perfeita. Uma ranhura a mais, já emperra o processo e a porta continua trancada. É aqui que muitos se vêem diante de uma porta fechada com a chave quebrada dentro da fechadura.
Vamos ver através desta chave que podemos romper as barreiras imposta pelo inimigo, fazendo a luz brilhar em lugares escuros e prevalecer sobre a ignorância espiritual imposta pelo príncipe das trevas. A unidade nos trará poder, liberdade e a benção de Deus.
Quebrantamento e renúncia: requisitos para a unidade.
O maior adversário para que a unidade aconteça está dentro de nós mesmos. Barreiras internas, motivações egoístas, desgaste emocional, inimizades, pecados ocultos, sentimentos facciosos, preconceitos e muitas outras coisas que precisam se tratadas e vencidas. O ponto de partida para isso é o quebrantamento e a renúncia. Tudo precisa estar no altar de Deus, tudo precisa ser entregue a Ele, tudo precisa ser santificado pelo fogo da renúncia. Se estivermos lutando por resultados carnais, não tocaremos o incorruptível que Deus tem para nós."Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me"
Quanto maior a ausência de renúncia, maior a resistência do mundo espiritual contra nós. Ganhamos velocidade e unidade quando entregamos a Deus tudo o que Ele pede.
Credores ou devedores: O dilema da unidade.
Um importante princípio sobre o corpo de Cristo, no qual agora estamos, pode ser interpretado nesta pequena frase: Quem não se integra, não aceita!
Um dos mais fortes problemas dentro da igreja são as pessoas que não se integram e conseqüentemente ficam fora da unidade e da vida que flui no corpo.
Tais pessoas normalmente são aquelas que estão freqüentemente cobrando de outras: cobram amor, cobram ajuda, cobram assistência, cobram compreensão, cobram edificação… Quem não se integra acumula motivos para críticas e murmurações.
Toda cobrança descomprometida traz consigo o poder destruidor da acusação. Acusação é a essência da identidade de satanás. Quem se integra já está solucionando. Está batizado na verdadeira motivação de amar, desenvolvendo a atitude de devedor.
O coração de um devedor é comunicado através de alguém que se integra. O que é se integrar? É participar com identificação. Integrar-se é servir. É deixar de ser um expectador alheio e se converter e se unir à visão. Este, na verdade, é o grande problema dos que não se integram: não são servos. Gostam de estar isolados em seu comodismo. Integrar-se é estar numa posição de compaixão e não de orgulho crítico. Integrar se também requer calcular o preço. Esta é a evidência prática de alguém que decidiu ser um discípulo, submetendo-se voluntariamente à disciplina de agir responsavelmente. Para estarmos integrados ao corpo de Cristo andando realmente em unidade, precisamos chegar a essa consciência de que somos devedores.
O apóstolo Paulo compreendeu esta verdade e disse: sou devedor!
"Eu sou devedor, tanto a gregos, quanto a bárbaros, tanto a sábios, quanto a ignorantes. Romanos 1: 14
Um outro texto que complementa esta revelação é "A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros: porque quem ama aos outros cumpriu a lei do amor". Romanos 13:8
Sempre teremos uma dívida: o amor. Já que o amor é a essência de todos os mandamentos, jamais podemos deixar de pagar esta dívida. Isto corrige as nossas motivações e aplaina os nossos caminhos. Somos devedores! Esta é a única dívida que gera créditos neste mundo e no vindouro.
Dessa forma, jamais devemos cobrar amor, mas sempre pagar amor! Cobrar amor nos leva a uma série de tormentos e cadeias. Cobrar amor é o contrário da lei do amor. Nossa vida emocional, psicológica e espiritual fica embotada e adoecida pela carência e autopiedade. Desenvolvemos um senso crítico destrutível e permitimos amargura no coração que nos impede de receber a graça de Deus.
Por isso temos tão pouca unidade no corpo de Cristo: muita gente está cobrando amor.
Pessoas que deveriam estar juntas cumprindo o propósito de Deus, quebram relacionamentos, e ficam amarguradas. Tropeçaram na lei do amor, não assumiram a postura de serem devedores.
Casamentos são literalmente despedaçados por cobranças constantes. As grandes reclamações são: ele (a) não me considera, não demonstra amor, me sinto carente, não consigo esquecer o que ele (a) fez, não consigo confiar. Estão tropeçando na lei do amor. Não assumiram uma atitude de serem devedores.
Cobranças constantes, exigências capciosas, críticas irresponsáveis, previsões doentias, caprichos egoístas, e outras atitudes desse gênero, para nada servem, senão para desgastar relacionamentos e sustentar insegurança e instabilidade.
Pessoas com dificuldade em perdoar, esquecem que são devedoras e agem como credoras.
Os que se sentem vítimas e não conseguem receber cura de Deus para suas feridas, se vêem como credores. Por isso continuam mergulhados em justiça própria amargando na vida.
Sou devedor é a expressão maior para quem quer relacionar-se com o corpo de Cristo em unidade, para quem quer viver na luz, para quem ama a comunhão e desfruta de saúde espiritual. Esta é a genuína postura moral que nos sintoniza com o coração de Deus. Esta é a posição de uma pessoa íntegra, que não está ferida, não está doente nem deformada espiritualmente.
Esta é a expressão de quem desistiu do egoísmo, para de fato, cumprir a lei do amor e viver para a glória de Deus. É também a expressão de alguém que aceitou o desafio de negar a si mesmo, tomar diariamente a sua cruz e seguir a Jesus, tornando-se um discípulo genuíno e não um embuste de religiosidade. "Sou devedor" traduz a essência de uma pessoa realmente integrada no corpo de Cristo andando em unidade.
Porque é tão importante ser devedor?
Porque vamos resolver tudo através de uma motivação de servir e perdoar. Em casa, no trabalho, na igreja, no ministério, essa é a motivação correta.
Um credor é simplesmente alguém desviado da responsabilidade de ser um devedor. O pior desta condição moral de credores é que ela destrói a compaixão e nos torna vítimas da nossa própria justiça e dureza de coração. Esta é a história de alguém que perdeu a visão de Deus, esquecendo que era um devedor.
A terrível história do credor sem compaixão: (Mateus 18:23-35).
Notemos o que ele esqueceu:
Esqueceu-se da justiça de Deus! " O reino dos céus é comparado a um rei que quis tomar contas a seus servos…" Há uma justiça que impera no reino de Deus! A justiça do reino estabelece que: a mesma medida com que medimos, seremos medidos.
Sua sentença sai da sua boca! "Perdoe as nossas dívidas, assim como perdoamos nossos devedores." (Mateus 6:12)
Estamos dizendo diante de Deus: use comigo exatamente a mesma medida que uso com meu semelhante. "Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados, dai e ser-vos-á dado; boa medida, recalcada, sacudida, transbordando generosamente vos darão; porque com a mesma medida com que medis, vos medirão a vós. "(Lucas 6:37,38).
Por mais que a vida pareça injusta, Deus é absolutamente justo. A justiça de Deus apesar de não ser imediata é precisa. Desta forma Deus dá ao ofensor a chance de se arrepender e ao ofendido a imperdível oportunidade de perdoar.
A justiça estabelecida pela cruz se baseia na misericórdia e perdão, se fizermos ao contrário seremos passivos de julgamento. “ Este homem de um momento para o outro saiu da posição de juiz para o banco dos réus. Esqueceu-se de que era um devedor”. Foi lhe apresentado um que lhe devia dez mil talentos…
Você recebe Jesus e alcança misericórdia. Está livre. No entanto, não perdoa os que estão "devendo a você". De repente se vê preso nas mãos de atormentadores. Estes são espíritos malignos que atuam pela legalidade do ódio, da amargura, ressentimento e falta de perdão.
Muitas opressões malignas só podem ser quebradas através de perdão. Por isso, não se engane você só manterá a liberdade permanecendo humildemente na posição de devedor. Quando nos esquecemos da nossa dívida, tendemos a nos tornar credores. Este é um erro fatal.
Esqueceu-se do valor de sua dívida. Um talento equivalia a 6.000 denários. O credor incompassivo devia em torno de 600.000 vezes mais do que o seu devedor. Isto nos ensina que, em vista da nossa dívida, perdoar é o mínimo que podemos fazer. A coisa mais absurda e injusta é um crente dizendo que não consegue perdoar.
O espírito de cobrança é o pai da incoerência espiritual. Quando cobramos uma coisa que devemos, estamos sendo incoerentes. Credores incompassivos sempre caem nestes erros de grandeza, confundindo os reais valores: coando um mosquito e engolindo um camelo, tentando tirar o cisco dos olhos dos outros e mantendo a trave nos seus próprios olhos.
Esqueceu-se de que não tinha como pagar a dívida! Não tendo ele com que pagar… Aquele credor era também um devedor. Sua liberdade era condicional.
Ele era na verdade escravo do seu credor. Escravo na definição bíblica é alguém que deve e não tem com que pagar. Está à mercê do seu credor. Sabemos que Deus, o nosso credor, através de seu filho Jesus Cristo, levou sobre si todo mal que merecíamos.
As nossas enfermidades, o nosso pecado, o nosso castigo e nossa condenação eterna já foram perdoadas. Todavia, não podemos permitir esta falta de memória, nos esquecendo que através do pecado contraímos uma dívida impagável, e recebemos a misericórdia de Deus através de Jesus.
Esqueceu-se da pena que ele merecia. "O seu Senhor mandou que ele, sua mulher e seus filhos fossem vendidos, com tudo quanto tinha, para que a dívida se lhe pagasse”… Devedores comprometem não apenas a sua vida e liberdade, mas também a vida das pessoas que lhe são mais queridas. Sua família estava prestes a sofrer as conseqüências. Portanto, cada pessoa tem diante de si uma grande responsabilidade em relação às futuras gerações. Aqui está o princípio da maldição que influencia uma linhagem familiar a obedecer a um esquema de propagação de iniqüidade.
Salmo 109: 16 e 17 nos mostra como a maldição pode ser invocada, quando não usamos de misericórdia.
Esqueceu-se de como ele dependeu da generosidade de alguém: "Então o senhor daquele servo movido de íntima compaixão soltou-o e perdoou-lhe a dívida”. Cada experiência com a bondade e a misericórdia de Deus, nos faz mais responsáveis. O ponto crucial da vida deste credor incompassivo é que ele estava pecando contra uma graça revelada.
Devemos perdoar porque fomos perdoados, sem merecer fomos e somos perdoados. Também devemos abençoar porque fomos abençoados, sem merecer nenhuma bênção. O credor revelou suas motivações através daquela atitude impiedosa. Ele foi terrivelmente mesquinho, estava apegado aos seus direitos e valores próprios. Ele recebeu o bem e não fez o bem. Ele não foi capaz de comunicar a graça que recebera, mesmo num valor mínimo! Esta é a maior evidência de um coração duro.
Este é o grande dilema da reconciliação e da unidade. A postura que tomarmos fará uma diferença fatal em nossas vidas. Quando não assumimos a posição de devedores acabamos inevitavelmente assumindo a posição de credores. Este é o princípio da desgraça. Se semearmos como credores vamos colher atormentadores. Muitos estão sofrendo enfermidades, males emocionais e perturbações. E ainda, ter que pagar tudo o que devem, pode significar também o inferno.
Precisamos nos arrepender desta terrível posição de credores. Que seja esta a nossa posição: "Somos devedores e jamais assumiremos uma postura irresponsável e ferina de cobrança!" Esta é a estrada da unidade que nos leva à perfeição. Foi assim que Jesus terminou a sua vida: "Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem”. Palavras assim só podem ser ditas por quem está na cruz. Tome a sua e continue seguindo a Jesus de uma forma livre!
Você gostaria de assumir a atitude de devedor do amor de Deus de hoje em diante? Com quem gostaria de começar?
Você concorda que o grande desafio para a unidade é a escolha entre: viver isolado numa vida egoísta ou integrado numa atitude de servo? Comente.
"Pai celestial, em nome de Jesus eu peço a tua ajuda para vencer os desafios da unidade. Eu quero andar em amor com os meus irmãos e com as pessoas que me cercam, aprendendo a servir e perdoar suas faltas. Ajuda-me a compreender as motivações do meu coração e ajusta-las com a tua vontade. Eu peço ao Espírito Santo que me lembre sempre da grande dívida da qual fui perdoado e me ajude a agir com misericórdia para com todos os meus devedores.
Eu sei que só serei perdoado se perdoar e serei medido com a mesma medida que medir os outros, portanto, pela fé eu decido confiar em ti sabendo que és justo juiz sobre todas as coisas.
Assumo hoje a atitude de ser um devedor do seu amor para com o meu próximo, e quero aproveitar toda oportunidade para fazer o bem. Eu oro em nome de Jesus, meu Senhor. Amém!