A Igreja centrada nas células – Final da primeira Parte

 Efésios 2:19-22

 
Precisamos estar vinculados uns aos outros para sermos edificados
 
Uma das muitas ilustrações da Igreja no Novo Testamento é o edifício. Assim como um edifício físico, a Igreja corpo precisa ter um alicerce. I Coríntios 3:10-11 diz que o alicerce da Igreja deve ser Cristo. Ele é a nossa base. Como um edifício, a Igreja deve seguir uma planta. Nenhum construtor prudente começaria um edifício sem antes fazer uma planta. Deus é um construtor sábio e Ele nos deu a planta de sua igreja. Assim como Moisés deveria construir o tabernáculo exatamente como vira no monte, nós também não temos o direito de colocar nossas preferências pessoais na construção de Deus. Está chegando o dia em que tudo o que não foi feito segundo o modelo do monte será removido por Deus. (Ex. 25:40).
 
Toda igreja local deve ser um edifício espiritual, todavia um grupo de crentes pode se reunir aos domingos e ainda assim não ser um edifício. Para ser um edifício, as pedras devem estar unidas umas às outras, ligadas pela argamassa do Espírito, edificadas sobre um alicerce espiritual que é Cristo e organizadas dentro de um projeto do edificador que é Deus. Pedras isoladas e amontoadas aos domingos não constituem um edifício. Assim como um depósito de material de construção não é um prédio. Você percebe a diferença entre os dois? Tudo que está no edifício também está no depósito, mas com uma única diferença, no edifício os materiais estão vinculados.
 
Mas como conciliar tais vínculos e ainda sermos uma igreja grande? A única alternativa é edificarmos a igreja nas reuniões menores, ou seja, nos grupos pequenos que chamamos de células. Uma igreja com mais de duzentas pessoas já não consegue manter vínculos satisfatórios, precisamos dos reuniões pequenas para estabelecer e firmar estes vínculos que damos o nome de discipulado e todo discipulado é estabelecido em relacionamentos.
 
O corpo é outra ilustração da Igreja no Novo Testamento (Ef. 4:15-16, I Co 12:12-27). A igreja é um corpo. Em um corpo a principal característica é a união dos membros expressando vida. Se pegarmos pernas, braços, cabeça, tronco e ajuntarmos teremos um amontoado de membros. Ter um amontoado de membros em nossas reuniões não faz de nós um corpo. Para ser um corpo, os membros precisam estar vinculados, ligados uns aos outros para que o sangue da vida de Deus circule entre eles. Muitas igrejas se tornaram apenas organizações, mas Deus quer edificar um organismo vivo.
 
Se somos uma organização, o máximo que conseguimos é juntar os membros como uma associação que se reúne em bancos enfileirados. Não há conhecimento mútuo, não há comunhão nem amor. É como se fosse possível o braço não conhecer a mão e esta, por sua vez, desconhecer os dedos. Naturalmente não podemos estar ligados a todos no corpo, mas quando não estamos ligados a ninguém não podemos dizer que estamos no corpo de Cristo de maneira prática.
 
Onde não há vínculos não há vida. Praticam-se cerimônias frias e impessoais, sem compromisso e sem ligaduras. Isto é no máximo uma organização, nunca um organismo. Simplesmente termos grupos não nos fará um organismo, mas, se não termos os grupos, definitavemente nunca chegaremos lá, pois é nas células que os relacionamentos são aperfeiçoados.
 
Vamos fazer uma breve comparação entre um organismo e uma organização. No organismo os membros estão vinculados; na organização estão associados. No organismo os membros têm funções; na organização têm cargos. No organismo cada membro tem um ministério; na organização mandatos. Na organização trabalhamos por responsabilidade ou recompensa; no organismo temos encargos de vida. Na organização a autoridade é pelo cargo; no organismo a autoridade vem pela vida e pelo reconhecimento. Mas o principal é que a organização é algo morto e o organismo é essencialmente vivo.
 
É bom lembrar porém, que as células podem existir em uma organização, porque elas não produzem nada por elas mesmas. As células apenas refletem a nossa realidade espiritual. Se somos uma igreja fria, teremos células frias, se somos formais, teremos células formais, e assim por diante. As céulas não são um ministério novo dentro da igreja; elas são a igreja funcionando. Não há um ministério de células, mas há ministérios nas células. As células são uma maneira de nos organizarmos, de sermos expressivos e eficientes dentro da visão que Deus nos deu. As céulas são a nossa maneira de sermos igreja, o corpo de Cristo na terra funcionando e cumprindo o seu papel.
 
Cremos que devemos viver uma vida de comunidade
 
As pessoas estão carentes de amor e aceitação, precisamos ser resposta de Deus para os seus anseios. Uma experiência que temos tido é que as células tendem a se tornar mais frutíferas na medida em que se parecem mais com uma família. A igreja precisa ser uma grande família. A seara está madura em nosso País e existem muitos tipos de pessoas machucadas que serão alcançadas exclusivamente em um ambiente de amor e aceitação familiar. Somente como família a igreja pode ser resposta para as mães solteiras, as abandonadas, os traumatizadas, os rejeitados sociais, os marginalizados, os pobres e os esquecidos não importando sua condição social.
 
A Palavra de Deus fala muito de hospitalidade, de dar comida, bebida e guarida ao estrangeiro e ao peregrino. Em Hebreus, se diz que alguns chegaram mesmo a hospedar anjos, sem saber. Como veremos adiante, o lar também foi o lugar onde a igreja teve a sua origem. O partir o pão de casa em casa era algo vital na igreja primitiva.
 
Na mente de todo homem, o lar é o ponto de convergência. O lugar de aceitação e de expressão incondicionais. É um lugar de acolhimento e aconchego. A igreja dentre tantas ilustrações bíblicas, é um lar que deve ter todas essas expressões de vida e amor. E é exatamente essa a visão de Célula familiar, um lugar de acolhimento em amor.
 
O fato é que não podemos expressar a Cristo como corpo a não ser através da vida em comunidade.
 
Continua…
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